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Juiz de Fora, Minas Gerais, Brazil
Apesar de ser mestre em Linguística e ter toda a minha vida acadêmica voltada para o ensino de línguas, sempre fui amante da literatura, devoradora de livros, filmes e séries. Sempre tive um sonho: escrever. Durante muito tempo, o medo de fracassar me impediu de realizar esse sonho, mas uma grande amiga me incentivou e me deu a coragem de enfrentar meus fantasmas e graças a ela eu hoje posso dizer que me sinto uma pessoa melhor, mais confiante e absolutamente ciente do meu potencial.

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sábado, 9 de junho de 2012

Capítulo XXX – À espera de um anjo


Capítulo XXX – À espera de um anjo

Narrado por Seth

A luz do sol se infiltrava levemente pelas frestas da cortina trazendo uma suave claridade ao quarto. Ao meu lado, um anjo de cabelos dourados dormia tranquilamente. Meus olhos não se cansavam de admirá-la. A pele ainda levemente bronzeada pelo sol da Grécia brilhava como ouro, sedosa ... macia ... irresistível. Era impossível não querer tocá-la nem que fosse para ter certeza de que ela era real. Às vezes, eu sentia como se estivesse vivendo um sonho. Tocá-la, sentir o seu perfume, a maciez da sua pele, o sabor dos seus lábios e a temperatura do seu corpo eram as únicas coisas que me diziam que aquilo tudo era verdade. Não sei dizer o que eu fiz de bom nessa vida ou em alguma outra que eu possa ter vivido. Eu só sei que esse prêmio, o amor dessa mulher e esse filho que estava a caminho eram muito mais do que eu merecia. Eu mal conseguia acreditar que já estávamos casados havia dois meses. Sessenta dias em que eu experimentava a mais pura felicidade, algo que eu jamais pensara ser possível até conhecer Sofia.
Hipnotizado, eu assistia o movimento tranquilo do seu peito subindo e descendo conforme ela respirava. Na mão esquerda, pousada protetoramente sobre o ventre agora alterado pela gravidez, a aliança brilhava sob o reflexo do sol. O rosto delicado, de traços tão perfeitos trazia um leve sorriso, uma expressão serena que me fazia querer olhá-la pelo resto do dia. Mas as minhas mãos pareciam ter vontade própria e seguiram para o ventre inchado pelos cinco meses de gestação. Nosso filho se mexeu, como se reconhecesse o meu toque. Eu nunca conseguia segurar o sorriso bobo e meu coração sempre se acelerava no peito quando isso acontecia, agora mais do que nunca, principalmente depois do susto que tomamos há duas semanas.
Sofia e eu tínhamos acabado de fazer amor. Como sempre, tudo tinha sido muito arrebatador. Por mais que soubéssemos que tínhamos que tomar certos cuidados e não exagerar, era difícil, eu diria quase impossível, controlar a urgência e a força do desejo que tomava conta de nós. Bastava que as nossas peles se tocassem levemente para que o fogo tomasse conta dos nossos corpos. Eu sei que deveríamos ter pensado nas possíveis consequências de uma entrega tão intensa, tão vigorosa, mas simplesmente enlouquecíamos ao mais leve toque.
Eu ainda tentava controlar a minha respiração enquanto o meu coração tentava retornar ao seu ritmo normal. Sofia descansava a cabeça em meu peito e parecia lutar para que o ar enchesse os seus pulmões. O rosto gloriosamente suado estampava um sorriso de tirar o fôlego e isso me bastava: saber que ela estava feliz, satisfeita, plena.
Fechei os olhos e a visão do seu corpo se movendo sinuosamente sobre o meu, exalando sensualidade, me tirando de órbita cada vez que ela descia me encaixando dentro dela, apareceu por detrás das minhas pálpebras, provocando uma reação imediata no meu corpo. Senti mãos pequenas e macias descendo pelo meu abdome ... me provocando .. e as impedi antes que chegassem ao seu destino.
_ Fugindo da raia, amor? – a voz suave de Sofia saiu cheia de humor.
_ Não, princesa. Só estou tentando pegar leve e não machucar você. Você sabe que me tira do sério e se eu não me controlar ... – eu respondi ainda tentando controlar a sua mão que insistia em chegar lá.
Ela estava evidentemente se divertindo com aquele jogo. Essas brincadeiras já tinham se tornado parte da nossa rotina, mas nem por isso deixavam de ser deliciosas. Sua mão agora subia pelo meu peito enquanto ela erguia o corpo e se sentava sobre os meus quadris, se curvando sobre o meu corpo para me beijar. Os cabelos dourados e cheirosos caiam em volta do rosto como uma moldura perfeita feita sob medida para um quadro raro. Minhas mãos subiram automaticamente pelos seus quadris, acariciando as suas costas até que meus dedos se emaranharam em seus cabelos, puxando o seu rosto mais para perto de mim. Sentei-me na cama com o corpo da minha mulher totalmente colado ao meu. Seus quadris já serpenteavam sobre os meus, me deixando louco. Sofia se levantou levemente e desceu novamente se encaixando em mim de uma forma que fez o ar dos meus pulmões sair em uma única lufada. A partir daquele momento, eu perdi completamente a noção de tempo e espaço, não sabia onde eu estava, quem eu era ... não me lembrava nem mesmo do meu nome. Eu só conseguia sentir as sensações maravilhosas que ela me provocava ao se mover sobre mim, ao ouvir os seus gemidos, a sua voz chamando o meu nome ... até explodir de uma forma inacreditavelmente intensa, minha mente mergulhando no mais absoluto vácuo por alguns instantes enquanto o meu corpo ainda convulsionava de prazer.
Eu teria ficado naquele estado por muito mais tempo se algo na voz de Sofia não tivesse me despertado para a realidade.
_ Seth! – o tom assustado de sua voz me fez abrir os olhos.
Seu rosto aterrorizado fez o meu sangue congelar nas veias. Sofia olhava para o meu corpo com os olhos marejados e os lábios trêmulos. Desci o olhar para onde, havia poucos instantes, estivéramos conectados e arfei de susto. Meu quadril estava manchado de vermelho. Não foi preciso mais do que dois segundos para que eu entendesse o que estava acontecendo: Sofia estava sangrando. Olhei de volta para ela e meu coração deu um enorme salto em meu peito. Ela tinha levado a mão ao sexo e olhava apavorada para seus dedos ensanguentados. Seu corpo se sacudia com o choro descontrolado e seus olhos azuis me olhavam como se implorassem por ajuda.
_ Fique calma, amor! Vai ficar tudo bem, eu estou aqui! – eu dizia enquanto a carregava nos braços para o banheiro.
_ Seth ... – sua voz estrangulada pelas lágrimas era quase inaudível.
_ Shhhh ... amor! Fique quietinha! Nós vamos para o hospital, mas antes eu preciso ajudar você a se limpar. – eu tentava acalmá-la, mas eu mesmo estava apavorado com a visão daquele sangue.
 Sofia agora chorava silenciosamente e aquilo cortava o meu coração. Eu me sentia péssimo só em pensar que poderia ter machucado o nosso filho. Jamais me perdoaria se algo acontecesse com ele. Como eu poderia olhar no rosto de Sofia e ver a mágoa ou o ódio em seus olhos sabendo que eu teria ... Não. Eu não podia deixar aquele pensamento se instalar na minha cabeça. Eu precisava me manter sobre controle para ajudar a minha mulher e o meu filho.
Ajudei Sofia a se trocar e me lavei rapidamente jogando qualquer roupa sobre o corpo. Carreguei minha mulher nos braços até o carro, colocando-a no banco de trás o mais confortavelmente possível. Sofia ainda chorava assustada e eu sentia os meus músculos rígidos como rocha, resultado da tentativa constante de manter o controle diante dela. Dirigi praticamente no piloto automático até o hospital. Agora, tentando rever todo o trajeto, eu não saberia dizer como cheguei lá, por quais ruas passei. Naquele momento, eu só sabia uma coisa: eu precisava achar um médico, alguém que me ajudasse a salvar o meu filho.
_ Está sentindo alguma dor, amor? – perguntei preocupado enquanto a carregava nos braços para dentro do hospital.
Sofia negou com a cabeça. Ela não conseguia falar. Estava apavorada com a possibilidade de termos machucado o nosso menino. Uma enfermeira nos trouxe uma maca assim que me viu entrando com Sofia nos braços. A partir daquele momento, tudo se passou como um borrão. Não me lembro de detalhes, acho que a minha mente bloqueou algumas partes para que eu não enlouquecesse. Foram horas e horas entrando e saindo de salas de exames, soros, coletas de sangue, ultrassonografias e uma parafernália de coisas até que alguém me dissesse o que tinha acontecido.
_ Bem, meninos, os resultados dos exames já estão em minhas mãos. – Rosalie disse em um tom de voz tão sério que me deixou preocupado – Eu quero que vocês entendam que, apesar do sangramento, o bebê está bem. A hemorragia foi causada por um vasinho que se rompeu no interior da vagina por causa da penetração.
_ Mas isso não pode prejudicar o nosso filho, tia?- a voz de Sofia saiu rouca pelo choro.
_ A quantidade de sangue perdida foi muito pouca para que ele corresse algum risco. Fiquem tranquilos! – ela respondeu com um sorriso sereno que me tranquilizou um pouco.  - Eu só preciso que vocês tenham em mente que, a partir de agora, vocês vão precisar se conter um pouco na hora de ter relações. Eu sei que, como um casal jovem, apaixonado e casado há poucos meses, vocês querem se curtir intensamente. Não é preciso ficar com medo de fazer amor, mas certas estripulias devem ser evitadas para evitar novos sangramentos, vocês me entendem?
Assentimos em silêncio. Sofia apertava a minha mão com uma força extraordinária. Ela ainda estava tensa e eu acariciava o seu cabelo com a mão livre tentando acalmá-la. Rosálie ainda nos passou mais algumas recomendações antes de sairmos do seu consultório. Ao sairmos do consultório, toda a família nos aguardava preocupada na sala de espera. A notícia de que Sofia tinha dado entrada no hospital com hemorragia tinha se espalhado feito rastilho de pólvora. Edward e Bella, Tio Jake e tia Leah, Carlisle e Esme, Brian e Mel, Ashley, Nikki e as crianças, todos estavam lá. Edward e Bella correram para a filha assim que saímos. Tio Jake e tia Leah nos olhavam preocupados, ainda sem saber que Sofia e o bebê estavam bem. Brian e Mel nos olhavam ansiosos à espera de notícias. Emmett apareceu correndo, de repente, com os olhos arregalados pelo susto e foi acalmado por Rosalie que explicou a todos o que tinha acontecido. Ele abraçou Sofia com tanta força que, por um momento, eu achei que fosse quebrar os seus ossos. Era engraçado ver como um homem tão grande e forte como Emmett se tornava frágil diante das mulheres da família. Eu seria capaz de jurar que ele se esforçava para não chorar na frente de todos. Mas, caso isso acontecesse, quem poderia julgá-lo? Eu mesmo tive vontade de gritar feito um bebê assustado ao ver a minha mulher sangrando e chorando desesperada! O fato é que a união, marca inconfundível das nossas famílias, nos dava segurança e, principalmente, coragem para enfrentar todos os obstáculos.
A partir daquele dia, os cuidados com a saúde de Sofia foram redobrados. Eu percebia que às vezes eu a sufocava um pouco. Meu pânico de vê-la daquela forma novamente me levava a exagerar de vez em quando. Durante dias, eu não permiti que ela saísse da cama, mesmo que Rosalie não tenha dito que ela deveria fazer repouso absoluto. Também evitei tocá-la com medo de que ela voltasse a sangrar. Somente na noite passada, depois de uma conversa franca em que eu expus os meus medos para Sofia, foi que nós voltamos a fazer amor. Mas, ainda que tenhamos nos amado de forma mais calma e serena, a sensação de tê-la unida a mim de uma forma tão completa foi tão forte que trouxe lágrimas aos meus olhos.
Dormimos, como sempre, agarrados um ao outro ... a cabeça de Sofia descansando em meu peito ... nossas pernas entrelaçadas ... meus braços a envolvendo protetoramente. Era a melhor sensação do mundo ter os dois assim ... protegidos em meus braços, aquecidos e amados acima de qualquer coisa nessa vida. O rosto sereno de Sofia me trazia uma paz que eu jamais pensei que fosse possível sentir. Minhas mãos, agora levemente pousadas sobre o seu ventre, sentiam o nosso menino se mexer ... cheio de vida e de saúde ... forte como um touro e a salvo de qualquer perigo. Ele chegaria dentro de quatro meses e a ansiedade para ver o seu rostinho de anjo era imensa. Eu tinha certeza de que ele se pareceria com a mãe, seria lindo e perfeito como ela, fazendo de mim o papai mais feliz e coruja do mundo. E quando ele finalmente chegasse, a nossa vida, que já era maravilhosa, ficaria inacreditavelmente mais perfeita.
Eu estava tão distraído com os meus pensamentos que não notei um par de olhos azuis, brilhantes e apaixonados me observando. Somente quando as mãos macias acariciaram o meu rosto foi que eu pude novamente perceber como ela ficava ainda mais linda a cada manhã. Por alguns minutos e simplesmente mergulhei naquele mar azul e me afoguei no mais absoluto amor, mas lábios quentes e macios me trouxeram de volta à tona somente para depois me transportarem para um mundo mágico, de onde eu não queria sair jamais.

Narrado por Sofia

Eu ainda sentia que Seth estava assustado com o que tinha acontecido há duas semanas. O fato é que eu e o nosso filho estávamos ótimos, mas acho que eu o tinha assustado tanto que ele vivia tentando se refrear. Por dias, eu percebi que ele se culpava pela hemorragia, como se ele tivesse sido o único responsável. Somente ontem à noite, quando conversamos e expusemos os nossos medos e ansiedades, eu pude compreender como ele realmente se sentia. Seth sempre foi muito protetor em relação a mim e ficou ainda mais cuidadoso depois que engravidei. Quando eu sangrei depois de fazermos amor, ele sentiu que tinha falhado comigo, sentiu que não tinha sido capaz de proteger o nosso filho. Foi difícil convencê-lo de que nós estávamos bem e em segurança. Eu sentia uma falta insuportável de fazer amor com ele, embora compreendesse o motivo da sua hesitação.
Fazer amor com Seth era sempre maravilhoso, mesmo que ele ainda estivesse receoso e tentasse se refrear o tempo todo. Para um homem tão vigoroso que sempre perdia o controle ao me amar, eu podia imaginar o esforço enorme que ele tinha que fazer para se conter. E isso me fazia amá-lo ainda mais. Saber que ele estava se sacrificando para garantir o meu bem estar e o de nosso filho. Seth seria capaz de fazer qualquer coisa por nós. Minha mãe costumava dizer que ele era tão intenso comigo quando o meu pai era com ela, sempre disposto a se jogar na frente de uma bala, se isso significasse que eu estaria segura e viva. Por isso e por muito mais, eu sempre me sentia angustiada ao ver uma ruga de preocupação em sua testa. A minha vontade era de envolvê-lo em uma redoma e protegê-lo dos seus medos e inseguranças. “Mas isso – ele dizia – é o meu trabalho, proteger vocês!”
Seth acariciava suavemente a minha barriga e não tinha percebido que eu o observava havia vários minutos. Ele parecia hipnotizado e o sorriso que trazia no rosto era lindo e sereno. Não resisti. Acariciei o seu rosto fazendo com que ele me olhasse. O amor que eu via naqueles olhos claros e quentes a cada vez que eles se voltavam em minha direção fazia de mim a mulher mais feliz e realizada do mundo. Os lábios estendidos no sorriso mais lindo do universo me convidavam a sentir o seu sabor. Eram como ímãs me atraindo ... me chamando. E eu, como uma mera mortal seduzida pela perfeição, não poderia deixar de ceder ao apelo daquela boca sensual e pecaminosa.
Senti o meu corpo ferver assim que o beijei. Minhas mãos inquietas percorreram o peito de Seth sentindo a sua pele se arrepiando na medida em que desciam para o seu abdome. Seth estremeceu e, por um breve momento, senti o seu corpo travar com a lembrança de que deveria se conter. Eu sabia que teria que ter paciência, mas tinha a certeza de que, aos poucos, ele se daria conta de que não iria nos machucar.
_ Nós estamos bem, amor! Não há perigo! – eu tentei tranquilizá-lo.
_ Princesa ... – ele ainda estava hesitante.
_ Shhhh ... está tudo bem, Seth! Só me ame! – eu implorei com a certeza de que ele não resistiria.
Um rugido angustiado foi a única resposta que ele me deu antes de atacar os meus lábios do jeito que só ele sabia fazer. Meu Seth selvagem e impetuoso estava de volta, suas mãos fortes apertando cada pedacinho do meu corpo, me lavando ao paraíso. Ainda que ele tenha conseguido se conter antes de estar dentro de mim, era maravilhoso saber que eu estava conseguindo fazer com que ele voltasse a se soltar. Nos amamos com calma, Seth a cada vez mais carinhoso e cuidadoso, sempre atencioso e me perguntando se eu estava bem ... se ele não estava me machucando ... se o bebê estava seguro ...
Seria um caminho lento e árduo trazê-lo de volta ao normal, fazê-lo entender que o que aconteceu naquele dia não foi sua culpa, mas eu tinha certeza de que, com amor e perseverança, eu o faria perceber que era dele que eu tirava forças para enfrentar todas as dificuldades que a vida me apresentava. Era por ele, e agora pelo nosso filho, que eu acordava todas as manhãs.